Com que cor eu vou? Empresas ampliam leque de tons dos protetores solares

Não saia de lar sem protetor solar. A orientação de dez entre dez dermatologistas ficou mais complicada quando entraram em campo os protetores tipo base, com cores diversas para os diferentes tons de pele. Pior: muitas vezes nenhum dos tons oferecidos combina com a pele da pessoa e ela tem de se resignar em trespassar com o rosto pálido demais ou excessivamente “bronzeado”. Iniciativas recentes da indústria de venustidade, no entanto, prometem resolver ou, no mínimo, minuir o problema através de pesquisas que vêm resultando em uma vasta ampliação da paleta dos filtros — uma providência mormente bem-vinda no Brasil de celebrada heterogeneidade étnica.
Em seguida um vasto levantamento de tons de pele que confirmou a variedade de colorações exibidas pelos brasileiros, a L’Oréal Brasil, braço pátrio da empresa francesa, desenvolveu onze matizes novos, aumentando de 32 para 43 as alternativas de protetores com cor. “Dos 66 tons que mapeamos no mundo, 55 foram identificados no Brasil”, diz Humberto Martins, diretor de cosméticos da empresa. Indicações para peles do tipo “extra clara” e “morena mais” foram substituídas por uma graduação numérica, que vai do tom 1.0 ao 6.0., inspirada na Graduação de Fototipos de Fitzpatrick, esquema de classificação criado em 1975 pelo americano Thomas Fitzpatrick para calcular a resposta de diferentes cores de cútis à luz ultravioleta. “É um recurso que usamos para prever a reação do paciente à exposição solar”, explica Bruno Lages, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. No caso da L’Oréal, a novidade classificação numérica vale para os filtros de todas as marcas sob seu guarda-chuva. Outras empresas, uma vez que a brasileira Adcos e a espanhola Isdin, adicionaram às gradações convencionais entre os tons evidente, médio e escuro a sutileza dos subtons — nuances de fundo da pele que fazem diferença no resultado final. A seleção do subtom ideal exige qualquer esforço (veja o quadro), mas os fabricantes garantem um rosto em que a cor não fica sintético.
A movimentação da indústria atende a uma demanda antiga: a do rápido progressão, entre os consumidores, do entendimento dos benefícios dos filtros com cor, que dão proteção suplementar contra a radiação ultravioleta e a luz emitida pelas telas de eletrônicos (problema que não foi escoltado pela oferta de produtos adequados). Uma pesquisa publicada pela Universidade de Boston, nos Estados Unidos, mostrou que, embora as pessoas considerem a compatibilidade de tom uma das mais importantes características do resultado, 36 dos 58 protetores incluídos no estudo ofereciam uma única tonalidade. Dificuldade aparentemente superada, os fiéis adeptos do filtro solar quotidiano podem agora encontrar o seu tom ideal — e comemorar a heterogeneidade.
Publicado em VEJA de 14 de dezembro de 2022, edição nº 2819